sexta-feira, 6 de abril de 2012

PERDIDOS NA NOITE





A alguma companheira solitária

Quando estamos sós, na noite escura,
pensamos porque a solidão tem que existir.
Não gostamos de pensar nela,
mas gostamos de senti-la sempre.
Sim gostamos, porque se não gostássemos,
não faríamos dela nossa companheira
tão intima.
Na noite estamos sós, no dia também.
Mas é sempre na noite que nos dignamos a
imaginar como seria se ela não existisse.
Estaríamos com quem então,
se não houvesse a solidão?
Companheira de todas as horas,
ela estaria muito só também.
Mas na noite sempre choramos
porque a queremos e ela então
volta de onde estiver e faz-no companhia.
Por caridade, por solidariedade,
que importa?
Ela nos acompanha.
Basta chamá-la que lá esta ela.
Sempre pronta a nos envolver
em suas lágrimas.
Eu sempre a procuro.
Talvez seja porque acho-a irresistível.
E sempre a procuro na noite.
Talvez também porque encontro-a
melhor na escuridão.
Quando o sol se põe a brilhar,
é como se ela se escondesse.
Então espero o anoitecer e procuro,
incansável por ela novamente.
E sempre que a procuro,
mesmo que as vezes demore um pouco,
encontro-a. Sempre.
Amo-a e desprezo-a.
Arrebento meu coração,
chamando-a para depois maltrata-la.
Quero-a sempre ao meu lado,
só para em seguida ajuda-la
a não mais me encontrar.
Descrente que sou,
sempre acho que vou encontra-la novamente.
E Deus que sempre atende meus desejos,
mesmo que eu não
os expresse com palavras,
atende-me.
Ele ouve-me e sempre me atende.
Imperfeito que sou,
estou sempre a pedir-lhe exatamente aquilo
o que me faz tão infeliz.
Quando será que voltarei os olhos
para ele e direi em voz alta:
"Pai, não quero mais a solidão ao meu lado.
Quero-a apenas em um lugar que sei,
não poderei encontra-la.
Quero a você,
amigo e companheiro de todas as horas".
Ser encarnado na terra,
não busque mais a nossa tão sofrida solidão.
Não a deseje, pois um simples pensamento,
pode traze-la para perto de si.
Olhe para dentro do seu belo ser
e reflita sobre o que aqui irei dizer.
"Tu és a folha perdida
da bela árvore que precisou dispensá-la,
para que voasse pelos campos e
pousasse nas mãos de bela donzela,
e quando ela a olhasse,
sentisse que não seria mais possível
estar só neste mundo.
Tu velha amiga solitária,
seja a folha perdida,
e se aconchegue nas mãos,
nos braços ou no seio
daquela bela mulher solitária.
Somente assim ira saber
o que é dizer adeus a tua própria solidão.
Somente sendo a companhia
inseparável de você mesmo,
poderá ser a companhia de alguém".


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