domingo, 27 de novembro de 2011

QUANDO AQUI CHEGUEI


Na estrada da vida terrena
passei por muitos lugares.
Belos, mais belos.
Feios, tristes,
abandonados, perdidos,
lotados e vazios.

Em todos estes lugares
passei a minha existência.
Sofri porque acreditei que sofria.
Amei porque acreditei que amava.
Chorei porque sempre chorava,
quando queria o que não possuía.

Agora ainda sofro às vezes,
mas sofro por tempos que deixei me corroerem.
E assim me deixando sofrer,
choro porque sinto saudades,
de tudo o que possuía e não sabia.

Amo, mas com a certeza de que sou amada.
Aqui cheguei e aqui fiquei.
Aqui também sofro, choro, amo!
Aqui todos também somos iguais.
mas aqui, e somente agora,
aprendi que lá onde encontrava-me,
também tudo era igual aqui,
mas igual não era aos meus olhos.

Olhos que olhavam de perto,
quando o que precisava estava tão longe.
Aqui olho de longe, mas tudo o que preciso,
esta tão perto agora como sempre esteve.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

QUANTO VIVI

Quanto tempo passou.
Ou quase nada.
Quantos caminhos surgiram
Ou será que era sempre o mesmo?
Quantas escolhas escolhi.
Ou será que não foram minhas escolhas?
Quanto oxigênio respirei.
Quanta água tomei.
Quantos passos caminhei.
Quantos cores enxerguei.
Quantos aromas perfumei.
Quantos irmãos toquei.
Quanta vida vivi.
Há amor de vida.
Amor de sonhos.
Amor sentido.
Amor tocado.
Amor doado.
Como vivi!!!

ESTAMOS JUNTOS



Irmãos de outras eras
Que comigo dividiram
Um espaço de terra
Numa mesma vida.
Encontros temos agora.
Mas sem dividirmos
Terra ou vida.
Somente experiências.
Vocês lá, do outro lado
Onde o sol só aquece
E a lua só ilumina
Os habitantes invisíveis a mim.
E eu aqui, do outro lado de vocês
Onde o sol nos dá a vida
E a lua o descanso esperado.
Cruzamos nas minhas noites
Tempo e espaço para nos encontrarmos
E tornarmos a dividir algo.
As saudades permanecem.
Diferentes agora
Pois aprendemos a amar sem apego.
Mas respeitando as experiências
Necessárias de cada um.
Um dia, logo ou não,
Nos encontraremos
Para não mais nos separarmos.
E então realizaremos
Juntos o que hoje realizamos
Em parte separados.
Neste dia haverá festa,
Música e dança,
Abraços e beijos.
Lágrimas de emoção
E sorrisos de pura alegria.
Abençoada a vida
Aqui ou acolá.
Abençoado os amigos amados
Os daqui e os de lá.
Abençoado o amor,
Porque ele sempre
Será Universal.

Obrigada Pai, Criador Meu, Nosso.                    

quarta-feira, 13 de julho de 2011

LIVRE


Retire o que guardado esta.
Guarde o que aprende todos os dias.
Exponha a tua vergonha.
Esconda os erros alheios dos teus olhos.
Abra o coração dos valentes.
Feche as portas dos jardins dos egoístas.
Acenda a luz da lucidez.
Apague os depósitos de marcas do sangue dos inocentes.
Erga os fantoches vivos.
Deite sobre a grama molhada,
Nua e se banhe com o orvalho das mãos de Deus.
Somente então estará livre para o amor.

O ADEUS DE UMA ÁRVORE


Adeus Terra querida, a qual tanto doaste para que eu tivesse vida gloriosa enquanto em teu leito vivi.
Muita sombra para proteger o homem do calor intenso do irmão Sol, produzi.
Muito ar purifiquei, para que todos sobrevivessem neste planeta azul e cumprissem aqui a missão concebida por cada um.
Muito embelezei com o meu verde, esta parte da Terra querida em que fui plantada.
Muitas promessas de amor e troca de segredos guardei dos namorados que encostados no meu corpo, trocavam juras de amor único que sentiam.
Estas recordações também carrego e hão de servir-me com certeza, na minha evolução quando deixar de ser vegetal e encaminhar-me para a seqüência evolutiva de que todos fazemos parte.
Não vertam lágrimas por mim, nem lamentos mas sim agradecimento ao Pai pela oportunidade de tão rica e feliz vida que vivi entre meus irmãos de tantas raças diferentes.
Agora preparo-me para mais um ciclo de vida, mas com um último pedido deixo aqui a lembrança para todos de que outras irmãs ainda permanecem junto de todos.
Então humildemente peço, salvem as que puderem, sem ferir ninguém, agradecemos porque acreditem, adoramos um aconchego.
Plantem filhotes que florescerão e lhes serão eternamente gratos.
E por fim, olhem-nos sem pressa. Ao amanhecer, ou no final da tarde, ou mesmo a noite.
Compartilhe o perfume de todas, cuide de tanto verde quanto puderes. A pátria vegetal agradece e continuará doando o amor infinito de Nosso Pai a todos.
Muito verde de nossas folhas em vossos corações, muitas cores de nossas flores em seus caminhos e muita saúde doada por nós em forma de ar, alimento e cura.

Assinado Mãe Árvore para os filhos homens.

AMANHECEU


Amanhece quando a noite adormece.
De manhã, o raiar de cada dia
Sabe que a partir do momento
Em que nasce,
Começa a espera do nascer da noite.
É um constante nascer e morrer.
Morrer e nascer.
Ou talvez:
Acordar e dormitar,
Dormitar e acordar.
Quando os olhos se abrem, dormes.
Quando eles se fecham, acordas.
Será que a tua procura se dá a noite,
Ou ela começa, ou recomeça ao amanhecer?
Acorda amiga.
Acorda deste sono perpétuo.
Acorda para a realidade.
Acorda para as ilusões.
Acorda das ilusões.

LUA MINHA


Lua minha amada.
Sol meu irmão querido.
Não esqueças de iluminar e aquecer
o meu amor onde quer que ele se encontre
porque ele esta sempre
a me iluminar,
me aquecer com seu brilho,
com seu amor,
com sua luz.
Leve até ele tudo isto e diga-lhe
que me espere porque logo o estarei
a iluminá-lo,
aquecê-lo,
a amá-lo.
Toque a toque,
olhar a olhar,
coração a coração.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

VIDAS OCULTAS


Quando saio para o trabalho, a lua ainda está acordada.
As ruas que percorro, de um bairro distante da grande metrópole, estão adormecidas, começando a despertar com as vidas que por ela caminham.
Vidas escondidas dentro de corpos de homens e mulheres tentando passarem despercebidas umas das outras, nem se dando ao trabalho de esconderem o medo que lhe invadem a alma a cada amanhecer.
O perigo está em todos os lugares: na esquina logo mais à frente, no olhar de alguém que nos olha de repente, até mesmo em um sorriso que alguém atrevido ousou nos oferecer.
Um sorriso no rosto de alguém nunca visto, em nossa direção, é muito estranho.
“Temos que ficar alertas"!
Acomodo-me em algum veículo que me levara a algum lugar, precariamente.
Mais vidas escondidas desta vez mais próximas.
Enroscamos, tocamos, sentimos, apenas nos corpos destas inúmeras vidas e muitas vezes a impaciência e o desespero nos invade na ânsia de nos livrarmos destes toques e olhares ansiosos, amedrontados e desconfiados.
Quando enfim chego ao meu destino, em uma grande avenida, de uma grande cidade, me deparo com outras vidas caminhando apressadamente sem destino.
As vidas estão mais escondidas, porque elas se dão ao trabalho de esconderem o seu medo atrás de uma máscara que envolve todo o seu corpo.
Uma máscara de distância, ironia, indiferença.
Agora estamos na cidade, o sol nos ilumina e qualquer deslize ficaremos vulneráveis e alguém, alguma das outras vidas escondidas, quem sabe, decifrando o nosso olhar, pode nos descobrir dentro deste corpo e desvendar os nossos segredos.
“Temos que ficar alertas"!
O dia passa por nós iluminando a alegria fingida.
É hora de voltarmos ao nosso esconderijo, digo, nosso lar.
É noite e a lua nos cumprimenta. Não retribuímos porque nunca olhamos para o céu.
“Temos que ficar alertas"!
À noite o perigo ronda a nossa volta.
Mais tarde, muito bem protegida, depois de ouvir os inúmeros acontecimentos que confirmam a razão do nosso incansável disfarce diário, narrados por uma voz tensa e tediosa, fico só, diante do espelho e não me vejo.
Onde está a vida que se esconde atrás de um rascunho nas ruas escuras do meu bairro e na pintura perfeita sob as luzes da cidade?
Não sei. Acho que esta cada vez mais encolhida de medo da desconhecida alegria de viver.

NOSSA IDADE

Risos quentes, palavras alegres.
Abraços, beijos.Todos se acomodam.Doces jovens.Tão vivos, tão vivos.Seres iniciando a caminhada,mas já trazendo tantos conhecimentos.Experiências trocadas,segredos divididos,olhares cheios de surpresas e mistérios.Curiosos, espertos e ativos.Jovens fantásticos.Cantam, dançam, amam.Se aquecem, se afastam, se atraem.Jovens misteriosos.Quando começou esta idade?E quando termina?Não existe idade para nada.Somente existe a vida.Vida viva, pulsante, alegre, colorida,Presente, vibrante.Todos vivemos. Intensamente.Apenas dividimos por etapas.Corremos, admiramos e gritamosnos infinitos momentos da vida,para marcarmos nossa presençana passagem pelos tantos corpos
que o Senhor nos Concedeu.


O TEATRO

Entro no teatro.
Começo a sentir uma certa ansiedade.
A curiosidade é despertada.
As luzes se apagam.
O público silencia.
O palco é iluminado
e torna-se o centro das atenções.
O espetáculo inicia-se.
Drama, comédia, musical? Não importa.
O mundo lá fora é esquecido.
Minha atenção é atraída
como quando era criança
ouvindo alguém contar uma história.
Só que agora eu não ouço apenas. Eu presencio.
Sinto as emoções daqueles personagens
como se tudo fosse real.
Mas não é real?
Fico sempre muito confusa,
porque o que sinto é real.
Dou gargalhadas que me levam as lágrimas,
choro e vejo as lágrimas brilharem nos meus cílios
e tudo parece ficar meio mágico.
É nesta hora que percebo
todos os meus sentidos alertas.
Sinto-me viva.
Capaz de sentir qualquer coisa.
Eu estava adormecida.
Minhas emoções estavam hibernando.
Sinto um despertar delicioso.
A história termina.
Os aplausos são poucos para demonstrar
o nosso agradecimento e, no entanto,
são os artistas que nos agradecem.
Tenho vontade de subir no palco e abraçar, beijar, apertar as mãos de todos aqueles
que conseguiram despertar em mim
todos aqueles sentimentos
há tanto tempo esquecidos.
Mas acho que eles sabem disso
e os aplausos entusiasmados são o suficiente.
Vou embora com a sensação
de que esqueci algo.
Olho mais uma vez para o palco,
agora oculto com grossas cortinas
a guardá-lo e lembro do que esqueci.
Delas, as emoções!
Acho que elas também
estão guardadas atrás das cortinas
para quando eu voltar.
E muito bem guardadas.